Há algumas semanas, fui pedida em casamento. De um jeito lúdico, diante da Torre Eiffel de chocolate, fui surpreendida por meu marido de joelhos, olhos brilhantes, falando a célebre frase “Quer se casar comigo... de novo?” Me surpreendi com o tamanho da emoção que nos acometeu. Quase 23 anos depois do primeiro pedido, estando casados, sentir a força poderosa que emana dessas palavras e seus significados me impactou.
Lembro-me que uma das maiores potencias da minha relação era essa: a segurança de ser a escolhida!
Acredito que a emoção que eu senti nesse segundo pedido estava represada!
Quando fui pedida em casamento pela primeira vez, além da imaturidade para entender o tamanho desse movimento, tinha a pressão de não poder valorizar isso de fato. Havia a pressão para não deixar isso “atrapalhar” os estudos, a carreira, ou limitar o desejo de “aproveitar a vida”. Quando eu me mostrava feliz por estar noiva, sempre vinha a pergunta: “mas você quer mais da vida do que se casar, né?” Sim, muito sim, mas por que não poderia querer casar?
Distorções do feminismo nos trouxeram um paradoxo interessante: quanto mais as mulheres se empoderam, mais conquistam espaços, parece mais difícil admitir o desejo de se realizar na esfera conjugal, na esfera doméstica. Sob o pretexto de modernidade e as praticidades de não precisar seguir convenções, muitas mulheres não admitem nem para si mesmas o desejo de se casar. Muitas vezes, até desdenham do fato, fazendo com que seus parceiros nem imaginem que é isso que, verdadeiramente, querem.
Toda semana recebo uma mulher, ou um casal, que já namora há um tempo, as vezes já moram juntos, e que sentem que a relação está perdendo forças. Os sintomas podem variar, mas fica claro que há uma lacuna, uma questão em aberto, muitas vezes uma insatisfação sem nome que gera angústia e desconexão. O que está por trás disso? A dúvida! Para uma relação ter força, ambos precisam se sentir escolhidos! E não há nada mais eficiente para isso que um pedido de casamento e um ritual público de união.
Bert Hellinger é certeiro quando afirma, sem hesitar: “Quem não casa ainda espera algo melhor”. Podemos brigar com o conceito, mas se silenciarmos a mente, conseguimos sentir na alma a verdade disso. A decisão de casar traz para o homem mais força e dignidade e, para mulher, mais segurança, mais conexão. É uma potência para o casal, com efeitos que transbordam para várias áreas da vida.
Por que estamos nos distanciando tanto de algo tão natural? É incrível ver o efeito nas pacientes de uma simples frase “Não há problema algum de você desejar ser escolhida!” O suspiro de alívio, as lágrimas que extravasam uma dor que pode estar escondida há tempos. Quando é uma sessão de casal, o efeito é imediato: o homem se vira para a parceira com brilho no olho e faz o pedido no ato. Parece só estar esperando uma abertura, o que me faz pensar que esse movimento é mais feminino do que masculino.
“Ah mas eu já dei indiretas, ele sabe”, nem sempre! Quando atendo homens e pergunto do casamento ou me dizem que a parceira não se importa ou que já colocou tantas exigências quanto ao pedido que ele ainda não está apto a realizá-lo. São poucos casais que conseguem conversar abertamente sobre isso, sobre os planos e expectativas da união e traçam planos concretos para isso.
Ser escolhida nos dá força! Seguras que somos a escolha de alguém temos muito mais potência na vida. Quando olho para minha história, consigo ver isso claramente. Ser a escolha do Zé foi um dos meus primeiros sucessos na vida, um farol que iluminou cada uma das minhas escolhas. Foi uma força que me impulsionou a confiar na relação mesmo nos seus momentos mais desafiadores, e hoje consigo olhar para ele e dizer como isso foi e é importante.
Nosso plano? Ainda muitos pedidos de casamento, e oficializar a união em cada país que a gente visitar. Estou descobrindo que mais que ser escolhida uma vez, talvez, nós mulheres, possamos precisar ser escolhidas com certa frequência para nos lembrar que, mesmo nas nossas metamorfoses, ainda somos a melhor escolha de quem escolhemos!
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